Futuro da agricultura deve ser sustentável e eficiente — e o caminho é pela tecnologia.

Para David Hunt, co-fundador de empresa que usa IA na pecuária, desafio dos agricultores é criar alimentos nutritivos, com baixo custo e que sejam sustentáveis

Com múltiplas opções, um caminho é certo: a agricultura precisa se digitalizar para trazer eficiência. Para David Hunt, co-fundador da Cainthus, empresa que emprega inteligência artificial na criação de gado, o desafio de agricultores no futuro será criar alimentos nutritivos, com baixo custo e que sejam sustentáveis. “Com o avanço na ciência, descobrimos que somos o que comemos”, afirma. “Depois de uma refeição você quer se sentir satisfeito ou quer sentir que comeu alimentos que contribuiram para a saúde?”

Mas como alcançar esse novo modelo? Em palestra no Singularity Brazil Summit 2019, evento que acontece em São Paulo, Hunt defende que a agricultura precisa passar pelo que chama de green revolution(revolução verde). Esse é o nome que ele dá à prática de diversificar uma plantação em busca de eficiência e sustentabilidade. “Uma plantação de milho, para mim, é um terreno desértico”, afirma. “Você está perdendo se não cultiva diferentes espécies em uma mesma área verde.”

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Inovação na agricultura tem que ter como foco criar mais nutrientes, para Hunt. Por conta disso, ele acredita que a onda de hambúrgueres vegetais, como das startupsImpossible Foods e Beyond Meat, não são um grande avanço—apesar de serem uma enorme novidade. Isso porque, a despeito de feitos usando vegetais, não são necessariamente mais saudáveis. “Se as pessoas decidirem de um dia para outro substituir o hambúrguer de carne por esse de vegetal seria um desastre”, diz. “Mesmo que sejam melhores do que carne processada, ainda são produtos processados.”

A aplicação de tecnologia, por sua vez, pode trazer impactos relevantes. De acordo com Hunt, a automação por meio de robôs e drones seria capaz de reduzir os custos de agricultores e aumentar a produtividade. Ele cita como exemplo drones da DJI que jogam fertilizantes apenas onde é necessário em uma plantação. Ou ainda o Farmbot CNC, um robô que, além de plantar, irriga somente as áreas que precisam, economizando água. Soluções como essa, defende Hunt, tornariam os alimentos mais saudáveis, sustentáveis e acessíveis.

Outro impacto da digitalização da lavoura seria o potencial de torna-la, seja uma grande ou pequena fazenda, em local de pesquisa. Com ferramentas e automação, os agricultores ganham a possibilidade de coletar dados sobre as suas plantações. Assim, conseguem prever e criar estratégias mais eficazes para o negócio.

O empreendedor afirma que cada país deve achar seu caminho em direção à digitalização. Para o Brasil, ele sugere que a agricultura invista na capitalização da biodiversidade. “A tecnologia pode ajudar a encontrar novas espécies e rapidamente colocá-las no mercado”, diz. “Encurta esse período, trazendo vantagens já a curto prazo.”

Ao final, ele deixa a plateia com a reflexão: “o que o Brasil fará para desenvolver sua tecnologia, biodiversidade e sua habilidade na agricultura, depende do que vocês vão querer para o futuro como sociedade”.

FONTE: Época Negócios.

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